quarta-feira, abril 14, 2010

Livro Corações Alados - Pág. 61

Não dá para
ser escritora, pintora
ou escultora.
Não dá só para ser mãe, esposa,
mulher, filha, amiga.
Náo dá só para ser empresária,
funcionária, escriturária.
Não dá só para ser voluntária,
funcionária, escriturária.
Não dá só para ser voluntária,
não dá só para ser gente. Não dá.
Essa vida é tanta coisa.
O infinito nos espera, nos aguarda
ansioso por atitudes, e muitas vezes
o decepcionamos.
Olho-me no espelho e o que vejo?
A vida passando.
Meus sonhos enfraquecidos vão ficando.
E a vida em que caminhei muitas
vezes, já caminho com olhos diferentes.
Olho o sol e já sinto ele tão quente,
tão ardente.
Minha pele se torna tão sensível
aos seus raios.
Com o amadurecimento da fruta,
sinto ser chegada a hora de
alguém saboreá-la.
Senão, a mesma cairá ao
chão e, esborrachada,
não mais servirá
para nada. Seu
tempo de
utilidade
já se esgota;
e só servirá de esterco para
outras sementes.
Vida que te quero viva, presente,
rodeada de pássaros e gente.
Saboreando o gosto de minha vida,
saboreando o gosto de meus atos, de meus gestos.
Vida, vida querida! Eu te suplico,
ajude-me a concretizar os meus
sonhos, meio que embutidos, tamanha
a dificuldade de realizá-los.
Ajude-me a não desistir de mim mesma.
Ajude-me a gritar bem alto que é
bonita, é bonita a vida, e a outra
não conheço, e se conheço, já me esqueci.
Ajude-me a acreditar sempre que a
morte é um presente da vida, a própria vida.
Ajude-me a me jogar no infinito
desconhecido e sem medo de me quebrar todinha.
Ouça-me, olha-me de perto.
Se torne vigilante, mesmo quando adormeço.
E desde já devo aqui meus sinceros
agradecimentos pois de ti, vida, só espero
a plenitude, a quietude de minhas
palavras e pensamentos.
De ti só espero
que meus atos
sejam sempre
presentes.

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